0 Membros e 1 visitante estão a ver este tópico.
Fraude: explicando a grande recessão é um documentário produzido pela colaboração do Instituto Mises Brasil com a Amagi Filmes, que trata da crise de 2008 sob o enfoque a Escolha Austríaca de Economia.O documentário aborda a crise econômica iniciada em 2008 sob a ótica da Escola Econômica Austríaca. O vídeo é dividido em três partes: i) a fraude legal; ii) a grande recessão; iii) como evitá-la.Em sua introdução, questiona-se quais os motivos da crise: ganância, falta de regulação, ciclos econômicos de recessão e de expansão ou o próprio Capitalismo representado pelos livres mercados? A história comprova que as sociedades híbridas demarcadas por liberdade e repressão, assim como o intervencionismo do Governo, não foram preventivos e resolutivos em relação aos períodos recessivos.Para Jesús Huerta Soto, principal economista austríaco na Espanha e interlocutor do vídeo, a recente crise financeira tem duas origens: i) o sistema bancário de reservas fracionárias, em que apenas 2% dos depósitos permanecem como lastro, gerando uma circulação financeira financeira sem garantias; ii) sistema financeiro regulado por bancos centrais que instituíram as cédulas de papel e sistema bancário que intervém na relação entre empréstimo e poupança.Os economistas apresentam a parcela de culpa do Governo ao expor que ele busca se financiar através do aumento de tributos ? uma medida impopular ? ou da criação de dinheiro através da emissão de títulos. Tomando a segunda alternativa, os bancos compram esses títulos e os demais bancos centrais os recompram, gerando um financiamento do déficit público através da monetização que, por conseguinte, gera expansão de crédito e inflação.Ademais, esse movimento gera uma expectativa de expansão econômica que não se concretiza. Esse ciclo econômico, que seria marcado pela queda da taxa de juros, novos empreendimentos, queda da taxa de desemprego, aumento da poupança e salários, se demonstra falho. Devido a expansão artificial através da monetização, os empreendimentos e os empréstimos realizados tornam-se insolventes após o novo aumento da taxa de juros. Por conseguinte, há um aumento da inadimplência e, devido a recente valorização exagerada dos ativos, não como os bancos reaverem os valores emprestados. Enfim, o agravante é que, além de criar dinheiro ele é emprestado.O documentário é elucidativo sobre a crise do subprime, descrevendo o movimento de expansão de crédito e a redução das exigências (garantias) para conceder financiamentos como as razões para o seu acontecimento. Dando sequência à explanação, relata que os bancos revendiam suas carteiras de hipotecas ? na operação chamada de securitização ? para outras instituições financeiras, acreditando na valorização progressiva, na retomada do imóvel com um valor superior ao financiado no caso de inadimplência e um novo financiamento. No entanto, houve uma desvalorização abrupta e contínua do mercado imobiliário que não pactuou com as expectativas das instituições envolvidas, como bancos de investimento, securitizadoras e agências de classificação.Ainda, a especulação no setor imobiliário desincentivou investimentos na atividade produtiva, aumentando os preços das matérias-primas, dos custos de produção e do produto final, diminuindo as vendas, os negócios e gerando desemprego. Os movimentos desesperados do FED de aumento e redução da taxa de juros não foram suficientes para salvar grandes instituições como o Bearn Stearns, Lehman Brothers e AIG, que, em sua maioria, receberam recursos públicos para cobrir seus déficits através da expansão da oferta monetária.Basicamente, o plano dos governos envolveu duas etapas: i) estabilização do setor financeiro com o "resgate" das instituições deficitárias; ii) plano de incentivos à economia e ao emprego com intercâmbio entre a dívida pública e a dívida bancária, visto que os bancos que financiavam o Governo passaram a ser financiados pelo mesmo, disseminando a contaminação dos títulos entre as instituições. Exemplifica-se com o caso da Irlanda em que o Governo comprou todos os ativos tóxicos, sobrevalorizados e sem garantias, além do próprio Estados Unidos em que o Governo tornou-se acionista para recuperar o investimento em longo prazo.Os economistas apresentam como medidas que deveriam ter sido tomadas, em substituição às citadas acima: i) repasse do prejuízo aos acionistas das instituições deficitárias e criação de um fundo com os "títulos podres" em que os credores da dívida subordinada se tornem acionistas, na operação chamada capitalização de dívida (como realizado no caso da VARIG); ii) abertura dos mercados para circulação de bens e capitais entre os setores, evitando concetração e bolhas como a dos setores bancário e da construção civil. Também sugere-se redução da dívida pública, dos gastos públicos e impostos, além da reforma no sistema bancário.Por fim, como respostas à crise, cita-se que medidas como expansão de crédito, gastos ou ampliação de instrumentos de regulação são ineficientes. Para lidar como novos ciclos de expansão e retração seria necessário reformar o sistema financeiro e bancário mundial, através de duas medidas: i) conclusão da Lei de Peel (Bank Charter Act) para que se exija a integralidade da reserva bancária (ao invés de apenas 2%) para os depósitos bancários e seus derivados; ii) extinção dos bancos centrais que perderam sua função principal como financiadores das instituições em caso da perda de confiança nelas. Esse seria um importante passo para que se possa separar o poder político do poder econômico, diminuindo suas consequências nefastas sobre a sociedade como a última crise presenciada.Diante de toda instabilidade e das marcas recentes deixadas pela crise, além do fato de que as economias mais atingidas, principalmente as europeias, ainda não se recuperaram totalmente dos impactos de 2008 e das medidas tomadas, a insegurança e o temor pelas práticas do livre mercado persistem, visto que o liberalismo é visto como um dos culpados pelos males causados à sociedade. Todavia, cabe distinguir com exatidão os responsáveis, aplicando uma nova lente sob este contexto, uma vez que, conforme as elucidativas explicações do vídeo Fraude: explicando a grande recessão, a crise atual do mundo não decorre da "ganância" do mercado, mas do excesso de intervenção estatal na economia mundial.
Seja como for, e independentemente da corrente ideológica defendida pelos economistas intervenientes, vale a pena ver pela forma como explicam como se processou toda a fraude de 2008 e como os problemas de base continuam lá.