0 Membros e 1 visitante estão a ver este tópico.
Desde 2005, o Projeto Criança e Consumo desenvolve atividades que despertam a consciência crítica da sociedade brasileira a respeito das práticas de consumo de produtos e serviços por crianças e adolescentes. Debater e apontar meios que minimizam os impactos negativos causados pelos investimentos maciços na mercantilização da infância e da juventude, tais como o consumismo, a erotização precoce, a incidência alarmante de obesidade infantil, a violência na juventude, o materialismo excessivo, o desgaste das relações sociais, dentre outros, faz parte do conjunto de ações pioneiras do Projeto que busca, como uma de suas metas, a proibição legal e expressa de toda e qualquer comunicação mercadológica dirigida à criança no Brasil.
Mário Sergio Cortella é filósofo e doutor em Educação pela PUC-SP, é professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da Pós-Graduação em Educação da PUC-SP, na qual está desde 1977. É membro do Conselho Técnico Científico Educação Básica da CAPES/MEC. Foi Secretário Municipal de Educação de São Paulo (1991/1992) e tem experiência na área de Educação, com ênfase em Currículos Específicos para Níveis e Tipos de Educação. É autor de diversos livros, entre eles Nos Labirintos da Moral, com Yves de La Taille (Papirus); Não Nascemos Prontos! ; e Sobre a Esperança: Diálogo, com Frei Betto.Mídia como Corpo Docente:Quando pensamos no campo da formação ética e de cidadania, os problemas na educação brasileira não são, evidentemente, um ônus a recair prioritariamente sobre o corpo docente escolar; há um outro corpo docente não-escolar com uma estupenda e eficaz ascendência sobre as crianças e jovens.
Yves de La Taille é professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Autor de “Moral e ética - dimensões educacionais e afetivas” (Prêmio Jabuti 2007). Atualmente, ministra aulas de Psicologia do Desenvolvimento e desenvolve pesquisa na área de Psicologia Moral.Cultura da vaidade e consumo: Vivemos uma sociedade chamada de, entre outros nomes, de ‘sociedade de consumo’. A bulimia atual atinge todas as pessoas (e deixa frustradas aquelas que, por falta de recursos, não podem adquirir os bens cobiçados) e é, vinte e quatro horas por dia, incentivada por anúncios mil que inundam as ruas, os jornais, as revistas, a televisão, etc. Cabe nos perguntarmos porque tanta gente entrega-se a tal bulimia. Variadas são as explicações possíveis. Na minha fala, defenderei a idéia de que vivemos uma ‘cultura da vaidade’, na qual marcas de distinção, que se associam ao status de ‘vencedor’, tornam-se quase que necessárias para gozar de alguma visibilidade social. Ora, não raramente, o motivo primeiro do consumo é adquirir tais marcas. Como o fenômeno não poupa as crianças e adolescentes (clientes, aliás, muito cobiçados), e também como ele é intimamente relacionado á construção da identidade, medidas para protegê-los devem necessariamente passar, para além da dimensão legal, pela dimensão ética, ética entendida aqui como busca da ‘vida boa, para e com outrem, em instituições justas’. É o que procurarei argumentar na minha fala.
2º Fórum Internacional Criança e Consumo (Setembro de 2008)Susan Linn é professora em Psiquiatria na Escola Médica de Harvard e diretora Associada do Centro de Mídia Infantil Judge Baker, em Boston. É também co-fundadora da Coalizão pelo Fim da Exploração Comercial Infantil e internacionalmente conhecida por seus estudos sobre o tema consumo infantil e por seu ativismo contra os efeitos do marketing moderno nas crianças e nos jovens. Autora do livro Crianças do Consumo.Consumismo e aprendizagem: como o marketing dirigido às crianças captura seus corações e mentesAlém de vender produtos e comportamentos, o marketing dirigido às crianças influencia seus valores e padrões de comportamento. Ele é um fator a ser considerado em muitos problemas da infância contemporânea, da obesidade infantil à erotização precoce. Um dos efeitos mais alarmantes da comercialização da infância é a diminuição da brincadeira que é o fundamento da aprendizagem, da criatividade, da solução problemas e da habilidade de dar sentido à vida. Esta palestra discutirá os meios pelos quais o consumismo sufoca a brincadeira criativa na infância e o que podemos fazer a respeito disso.
Gilberto Dupas é presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI), coordenador geral do Grupo de Conjuntura Internacional (Gacint-IRI/USP), professor visitante da Universidade Paris II e da Universidade Nacional de Córdoba, é co-editor da revista Política Externa e membro do Conselho Deliberativo do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP). É autor de diversos livros, entre eles Economia Global e Exclusão Social, e Renda, Consumo e Crescimento.Protegendo a Liberdade da Criança: A função principal da propaganda é transformar em novos objetos de desejo os produtos e serviços criados pela inovação tecnológica. E fazer do cidadão, incluindo a criança, um contínuo consumidor, cada vez menos satisfeito com o que já tem e encontrando no ato de compra satisfação ilusória de desejos ou alívio temporário de frustrações. Em geral, a propaganda se destina a fazer o indivíduo consumir mais algo de que não precisa; ou trocar a marca daquilo que já consome. As razões são sistêmicas. Uma delas tem a ver com a necessidade intrínseca ao capitalismo de estar em permanente expansão, no que ele depende da voracidade do consumidor. A sofisticação da propaganda é intensa. Ela recorre a técnicas subliminares que criam desejos e necessidades utilizando, entre outros, processos de identificação e transferência. É preciso estabelecer limites à propaganda para que esse imenso poder não colida diretamente com o interesse público ao induzir ao consumo inadequado as crianças, que têm poucas condições de se defender e são continuamente expostas a apelos altamente sedutores e erotizados. A sociedade, por meio de suas instituições, tem o dever de proteger a liberdade das crianças colocando limites para uma propaganda que utiliza espaços públicos para objetivos privados que tenta ocultar.
Cecília von Feilitzen é doutora em Sociologia e coordenadora científica da International Clearinghouse on Children, Youth and Media – trabalho realizado em parceria com a UNESCO na University of Gothenburg (Suécia) –, é também pesquisadora sênior e professora de Estudos de Mídia e Comunicação na Sodertorn University College (Suécia). Como pesquisadora de mídia desde 1964, publicou cerca de 200 pesquisas, artigos e livros, muitos deles dedicados ao tema da infância, adolescência e mídia.Infância, mídia e sociedade de consumo: Esta palestra trata de diferentes aspectos das relações entre infância e mídia, na sociedade de consumo, dentre eles: Como as crianças são representadas na mídia e na publicidade? A partir de quando as crianças passam a entender a publicidade e os novos tipos de marketing? Quais as conseqüências da publicidade e do consumismo para crianças, para a programação infantil e para as mídias digitais?