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De uma forma geral, os Americanos preferem ouvir boas notícias. Gostam de acreditar que o novo presidente irá corrigir o que está mal, que a energia limpa irá substituir o petróleo e que uma nova linha de pensamento irá tornar honesta a economia. Estudiosos americanos tendem a conter o seu pessimismo e a esperar pelo melhor. Mas estará alguém preparado para o pior?Conheça Michael Ruppert, um americano diferente. Ex-polícia de Los Angeles que virou jornalista independente, ele previu a actual crise económica no seu folheto informativo, "From the Wilderness", numa altura em que a maioria dos analistas em Wall Street e em Washington estavam ainda em negação. O realizador Chris Smith já mostrara afinidade para com pessoas contra-corrente em filmes como "American Movie" e "The Yes Men". Em Colapso, ele afasta-se estilisticamente dos seus anteriores trabalhos ao entrevistar Ruppert num formato que nos recorda o trabalho de Errol Morris e de Spalding Gray.Sentado numa sala que mais parece um bunker, Ruppert relata a sua carreira como pensador radical e fala da crise que vê estar para chegar. Baseia-se nas mesmas notícias e informações disponíveis a qualquer internauta, mas usa uma interpretação muito própria. Ele está especialmente apaixonado sobre o tema do pico do petróleo, a preocupação salientada por cientistas desde a década de 1970, de que eventualmente o mundo irá ficar sem combustíveis fósseis.Enquanto outros especialistas debatem este assunto de forma moderada, Ruppert não se detém a soar o alarme, apresentando um futuro apocalíptico. Ouvindo o seu fluir de opiniões, é provável que o espectador questione parte da retórica como paranóia ou ilusão, e que fique a balançar sobre o que pensar sobre tal extremismo. Smith deixa os espectadores formarem os seus próprios julgamentos.Colapso serve também como retrato de um solitário. Com o passar dos anos, Ruppert manteve-se fiel ao que acredita apesar de feroz oposição. Ele descreve candidamente os sacrifícios e motivações da sua vida. Enquanto outros observadores analisam detalhes da crise económica, Ruppert vê-a como um sintoma de nada mais do que o colapso da própria civilização industrializada.